sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

DROGAS: LEGALIZA OU DEIXA COMO ESTÁ?


Por André Francisco Siqueira*

O problema das drogas é muito mais complexo do que se imagina. Me parece que ultrapassa a mera questão de saúde pública. Há um jogo de interesses muito forte. Quem é a favor, possui argumentos fortes, entretanto, às vezes, se esquece que a questão também passa pela segurança pública. Não dá para comparar com os avanços desse tema com países de primeiro mundo.

A cultura, e todo comportamento social que daí emerge, nos traz situações, para o nosso caso, ímpares. Temos que lembrar que a polícia e o traficante são duas faces da mesma moeda. Há um jogo grotesco. Uma política de enfrentamento fajuta. Existe um estímulo midiático para o recrudescimento desse tipo de criminalidade, justamente para o sistema eleger um inimigo.

Para se pensar em legalização, é preciso pensar conjuntamente em redução da desigualdade social. É preciso aproximar mais o Estado das áreas ditas conflagradas. A polícia não pode ser o único segmento do Estado presente nesses lugares. É preciso uma mudança de cultura. Deve existir vontade política para ações efetivas de políticas de Estado e não de governos. O combate à corrupção, que é endêmica, precisa de uma nova radiografia; novos contornos.

Tudo deve ser avaliado quando o assunto é legalização das drogas. O Mathias (personagem do primeiro filme Tropa de Elite) tem razão. O problema é cíclico. O viciado que alimenta o tráfico que alimenta à corrupção. Existe uma economia de mercado nisso que é nefasta. E tem o problema do riquinho que, no alto do seu poder, pensa na socialização das drogas, mas se esquece de sua contribuição na produção da violência da qual todos nós somos vítimas.

A criminalidade tem suas raízes orgânicas em nossos comportamentos sociais. A polícia é um mero fantoche. Os amigos do Rei. Um instrumento barato de repressão de movimentos sociais dos menos afortunados. A questão é por demais complexa, entretanto, não podemos fugir ao debate de um tema tão importante.

*André Francisco Siqueira é advogado criminalista.

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